Simplificando a Complexidade de Jung - Ego, Complexos e Projeção
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Neste episódio, o Prof. Waldemar Magaldi busca simplificar temáticas complexas do campo junguiano, como, por exemplo, consciência, inconsciente pessoal e coletivo, ego, persona, sombra, complexos, projeção, fanatismo, processo de análise, caminho de individuação e mais. “[...] a psique em si não é uma unidade indivisível, mas um todo divisível e mais ou menos dividido. Embora as partes separadas estejam ligadas entre si, contudo, são relativamente independentes, a tal ponto que certas partes da alma jamais aparecem associadas ao eu, ou se lhe associam apenas raramente. A estas partes da alma chamei de complexos autônomos e fundei minha teoria dos complexos da psique sobre a sua existência. Segundo esta teoria, o complexo do eu forma o centro característico de nossa psique. Mas é apenas um dentre vários complexos. Os outros complexos aparecem associados, mais ou menos frequentemente, ao complexo do eu, e deste modo se tornam conscientes, mas podem existir também por um longo período de tempo sem se associarem ao eu. Um exemplo excelente e muito conhecido deste fenômeno é a psicologia da conversão de Paulo. Embora pareça que o momento da conversão tenha sido absolutamente repentino, contudo, sabemos por longa e variada experiência que uma transformação tão fundamental exige um longo período de incubação. E só quando esta preparação está completa, isto é, quando o indivíduo está maduro para a conversão, é que a nova percepção irrompe com violenta emoção. Saulo já era inconscientemente cristão desde muito tempo, e isto explicaria seu ódio fanático contra os cristãos, porque o fanatismo se encontra sempre naqueles indivíduos que procuram reprimir uma dúvida secreta. É por isto que os convertidos são sempre os piores fanáticos. A aparição de Cristo no caminho de Damasco assinala apenas o momento em que o complexo inconsciente de Cristo se associa ao eu de Paulo. O fato de Cristo lhe ter aparecido, então, de modo quase objetivo, como visão, explica-se pela circunstância de que o cristianismo de Saulo era um complexo inconsciente. Por isto é que este complexo lhe aparecia sob a forma de projeção, como não pertencendo a ele próprio. Ele não podia ver-se a si mesmo como cristão. Por isto ficou cego, em consequência de sua resistência a Cristo e só pôde ser curado de novo por um cristão. Sabemos, por experiência, que a cegueira psicógena em questão é sempre uma recusa (inconsciente) a ver. No caso de Saulo, esta atitude corresponde à sua resistência fanática ao cristianismo. Esta resistência, como nos mostra a Escritura, nunca desapareceu inteiramente em Saulo; ela irrompia ocasionalmente sob a forma de acessos, erroneamente explicados como epilepsia. Estes acessos correspondiam a um retorno subitâneo do complexo de Saulo, complexo que se dissociou com a conversão, como já acontecera com o complexo de Cristo.” (OC 8/2 - § 582) Deixe seu comentário ou dúvida! Ajude a compartilhar nosso conteúdo.
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