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Pouco acesso ao metrô freia impulso à inclusão dos Jogos Paralímpicos em Paris
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A organização dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos costuma ser um acelerador de políticas públicas para beneficiar as pessoas com deficiência. Entretanto, os resultados raramente estão à altura do desafio, complexo até para um país desenvolvido como a França.
Em matéria de acessibilidade, a capital francesa não faz feio, mas ainda não tem medalha de ouro. Na preparação para as Olimpíadas e Paralimpíadas, o orçamento municipal para a acessibilidade universal chegou a € 125 milhões até 2026 – um valor inédito.
A prefeitura afirma ter feito em um mandato o que costuma ser realizado em quatro: a totalidade das paradas de ônibus de cidade, 2,6 mil, foi adaptada para cadeiras de rodas e 22,6 mil cruzamentos de ruas receberam equipamentos sonoros para auxiliar a travessia das pessoas com deficiência visual. Mais 13 mil foram espalhados por outros pontos, em especial os próximos a atrações turísticas.
O acesso adaptado às calçadas se generalizou pelas ruas parisienses, graças à aceleração das obras nos últimos 10 anos, desde que a cidade foi escolhida para sediar o megaevento. A ampliação da largura das calçadas permanece um problema apenas nas partes mais antigas de Paris.
O paratenista de mesa mexicano Alam Gonzales, pela primeira vez na capital francesa, disse estar encantado com a experiência. "Está muito bom, com tudo adaptado para pessoas usuárias de cadeiras de rodas. Já passeei pelas ruas da cidade para conhecer e tudo está perfeito para uma pessoa como eu. Vim sozinho e nem estou precisando da ajuda de ninguém porque tudo está adaptado”, afirma. "O México é muito atrasado no aspecto da acessibilidade, e aqui vejo que por tudo tem rampas, o solo é sempre parelho, e isso ajuda muito para que a gente possa se locomover."
Acesso ao metrô permanece baixo
Se experimentasse utilizar o metrô parisiense, talvez o entusiamo não fosse tão grande. Na maioria das estações, Alam não encontraria nem elevador, nem escadas rolantes. O acesso às linhas permanece o ponto crítico da cidade: apenas 29 das 320 estações oferecem acessibilidade plena.
O principal freio à acessibilidade das estações é o custo. A região de Ile de France, onde se encontra Paris, avalia que as obras para equipar o centenário metrô com escadas rolantes ou elevadores custariam no mínimo € 20 bilhões.
Mãe de um homem com deficiência nos membros superiores e inferiores, S. Ndiaye levou o filho, Abdoulaye, a Paris para acompanhar algumas competições. Originários do Senegal, eles vivem em Bordeaux, no sudoeste da França, e disseram ter ficado, mais uma vez, decepcionados com a cidade. S. Ndiaye esperava que um país rico seria mais avançado neste aspecto.
"Eu não não tenho nem coragem de pegar o metrô. Na última vez que vim, uma pessoa nos ajudou a descer as escadas e acabou caindo com a cadeira e o meu filho”, conta a mãe. "Estamos pegando o ônibus, mas as linhas não vão até onde estamos hospedados. Somos obrigados a caminhar muito, muito mesmo."
O período da Olimpíada, encerrada em 11 de agosto, serviu de teste das instalações para o megaevento – para o qual são esperados até 8 de setembro 350 mil visitantes com deficiência. Equipes de funcionários da prefeitura de Paris e integrantes de associações de usuários percorreram todos os locais de competições para avaliar, na prática, as condições de acolhimento deste público e ouvir as suas queixas.
A conclusão foi que não eram necessárias modificações específicas para as Paralimpíadas. A falha do acesso ao metrô foi compensada com 150 micro-ônibus (€ 4) e 1,5 mil táxis adaptados à disposição durante o evento.
Treinamento específico dos voluntários
O grupo de voluntários que assumiu o acolhimento do público nesta etapa recebeu um treinamento específico sobre a abordagem respeitosa das pessoas com deficiência, conta a brasileira Julia Bittencourt, 26 anos.
"Quanto a gente não conhece muito, a gente muitas vezes tem a mania de ir tomando a frente e tirar a autonomia da pessoa, e eles transmitiram essa informação de nos estimular a preservar a autonomia delas, como abordá-las, para e escutar o que elas precisam naquele momento”, indica. "Se ela não está falando que quer ajuda, não devemos ir até elas."
Um aplicativo, accessible.net, também facilita a vida das pessoas com deficiência de passagem por Paris, ao mostrar o mapa de lojas, restaurantes, teatros, hotéis e outros estabelecimentos adaptados a cadeirantes, surdos ou cegos.
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A organização dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos costuma ser um acelerador de políticas públicas para beneficiar as pessoas com deficiência. Entretanto, os resultados raramente estão à altura do desafio, complexo até para um país desenvolvido como a França.
Em matéria de acessibilidade, a capital francesa não faz feio, mas ainda não tem medalha de ouro. Na preparação para as Olimpíadas e Paralimpíadas, o orçamento municipal para a acessibilidade universal chegou a € 125 milhões até 2026 – um valor inédito.
A prefeitura afirma ter feito em um mandato o que costuma ser realizado em quatro: a totalidade das paradas de ônibus de cidade, 2,6 mil, foi adaptada para cadeiras de rodas e 22,6 mil cruzamentos de ruas receberam equipamentos sonoros para auxiliar a travessia das pessoas com deficiência visual. Mais 13 mil foram espalhados por outros pontos, em especial os próximos a atrações turísticas.
O acesso adaptado às calçadas se generalizou pelas ruas parisienses, graças à aceleração das obras nos últimos 10 anos, desde que a cidade foi escolhida para sediar o megaevento. A ampliação da largura das calçadas permanece um problema apenas nas partes mais antigas de Paris.
O paratenista de mesa mexicano Alam Gonzales, pela primeira vez na capital francesa, disse estar encantado com a experiência. "Está muito bom, com tudo adaptado para pessoas usuárias de cadeiras de rodas. Já passeei pelas ruas da cidade para conhecer e tudo está perfeito para uma pessoa como eu. Vim sozinho e nem estou precisando da ajuda de ninguém porque tudo está adaptado”, afirma. "O México é muito atrasado no aspecto da acessibilidade, e aqui vejo que por tudo tem rampas, o solo é sempre parelho, e isso ajuda muito para que a gente possa se locomover."
Acesso ao metrô permanece baixo
Se experimentasse utilizar o metrô parisiense, talvez o entusiamo não fosse tão grande. Na maioria das estações, Alam não encontraria nem elevador, nem escadas rolantes. O acesso às linhas permanece o ponto crítico da cidade: apenas 29 das 320 estações oferecem acessibilidade plena.
O principal freio à acessibilidade das estações é o custo. A região de Ile de France, onde se encontra Paris, avalia que as obras para equipar o centenário metrô com escadas rolantes ou elevadores custariam no mínimo € 20 bilhões.
Mãe de um homem com deficiência nos membros superiores e inferiores, S. Ndiaye levou o filho, Abdoulaye, a Paris para acompanhar algumas competições. Originários do Senegal, eles vivem em Bordeaux, no sudoeste da França, e disseram ter ficado, mais uma vez, decepcionados com a cidade. S. Ndiaye esperava que um país rico seria mais avançado neste aspecto.
"Eu não não tenho nem coragem de pegar o metrô. Na última vez que vim, uma pessoa nos ajudou a descer as escadas e acabou caindo com a cadeira e o meu filho”, conta a mãe. "Estamos pegando o ônibus, mas as linhas não vão até onde estamos hospedados. Somos obrigados a caminhar muito, muito mesmo."
O período da Olimpíada, encerrada em 11 de agosto, serviu de teste das instalações para o megaevento – para o qual são esperados até 8 de setembro 350 mil visitantes com deficiência. Equipes de funcionários da prefeitura de Paris e integrantes de associações de usuários percorreram todos os locais de competições para avaliar, na prática, as condições de acolhimento deste público e ouvir as suas queixas.
A conclusão foi que não eram necessárias modificações específicas para as Paralimpíadas. A falha do acesso ao metrô foi compensada com 150 micro-ônibus (€ 4) e 1,5 mil táxis adaptados à disposição durante o evento.
Treinamento específico dos voluntários
O grupo de voluntários que assumiu o acolhimento do público nesta etapa recebeu um treinamento específico sobre a abordagem respeitosa das pessoas com deficiência, conta a brasileira Julia Bittencourt, 26 anos.
"Quanto a gente não conhece muito, a gente muitas vezes tem a mania de ir tomando a frente e tirar a autonomia da pessoa, e eles transmitiram essa informação de nos estimular a preservar a autonomia delas, como abordá-las, para e escutar o que elas precisam naquele momento”, indica. "Se ela não está falando que quer ajuda, não devemos ir até elas."
Um aplicativo, accessible.net, também facilita a vida das pessoas com deficiência de passagem por Paris, ao mostrar o mapa de lojas, restaurantes, teatros, hotéis e outros estabelecimentos adaptados a cadeirantes, surdos ou cegos.
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