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Lavagem da Madeleine faz Paris virar Salvador ao som de Carlinhos Brown e muita cultura brasileira
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Paris virou Bahia neste domingo (15). Mais especificamente, Salvador. Ao som de Carlinhos Brown, com direito a um trio elétrico puxando um cortejo de milhares de pessoas, foi realizada nesta tarde a "Lavagem da Madeleine", que traz um pedaço da cultura baiana e afro-brasileira para a capital francesa.
Renan Tolentino, da RFI em Paris
Inspirado na histórica Lavagem da Igreja do Senhor do Bonfim, em Salvador, o evento já virou tradição em Paris, sendo organizado todos os anos há mais de duas décadas, desde 2002. Por conta disso, foi incluído até mesmo no calendário oficial da prefeitura parisiense.
“Esse evento é o fortalecimento da relação Brasil e França, do amor entre os dois países. É a França e o Brasil se abraçando”, Robertinho Chaves, idealizador da Lavagem da Madeleine.
“Foi tudo muito lindo. Além de ser um evento com mais gente, que agregou outros grupos (culturais) novos que chegaram, foi um dia de sol, não fez muito calor, não fez frio. Então, foi uma vitória do nosso projeto, tudo ajudou. Estou muito feliz. Sentimento de missão cumprida. É muito bom saber que estamos levando um Brasil maravilhoso para o mundo todo ver. Um Brasil lindo, da cultura afro, do maracatu, da capoeira, do afoxé, do candomblé… um Brasil da diversidade”, celebrou o baiano Robertinho.
A programação desta 23ª edição contou mais uma vez com o cantor baiano Carlinhos Brown animando a multidão em cima de um trio elétrico, bem ao estilo carnaval fora de época. Além de Brown, também fizeram parte da atração musical diferentes blocos de percussão e alas, como das baianas, maracatu, grupos de batucada e capoeira.
Como todo ano, o cortejo de quase 4 km saiu da Praça da República, localizada no Centro da cidade, e seguiu rumo ao 8º distrito, onde foi realizada a lavagem das escadarias da igreja da Madeleine, feita pelas baianas com a bênção do babalorixà Pai Pote, de Santo Amaro (BA), presente a cada edição. Durante o ritual, é jogada a tradicional água de cheiro, com pétalas de flores, no público e nos degraus, que são varridos logo em seguida pelas baianas.
“Através da lavagem, viemos trazer a cultura da Bahia, de Santo Amaro, e energias positivas, ancestralidade (...) Para mim, é importante representar diferentes segmentos religiosos de culto afro e também afirmar a nossa negritude, a nossa cultura popular”, explicou Pai Pote.
Religião e cultura juntas
Uma roda de capoeira em pleno boulevard Saint Martin, com a ala das baianas à frente e o trio-elétrico de Carlinhos Brown atrás. Esse foi o cenário que o Centro de Paris presenciou neste domingo para a Lavagem da Igreja Madeleine.
Como já virou tradição na capital francesa, o cortejo atrai tanto brasileiros como franceses que querem conhecer um pouco mais da cultura da Bahia. Para a estudante Naomi Silva Quirino foi um presente de boas-vindas, já que ela chegou do Brasil há poucos dias e já se depara com uma celebração de sua religião em pleno solo francês.
“Foi uma grande surpresa, como se fosse uma recepção minha na França. Eu sou candomblecista. Então, saindo do Brasil para estudar, passar dois anos fora, eu estava muito apreensiva de passar um tempo longe da religião. Ter vindo aqui foi realmente uma grande surpresa, peguei a bênção, peguei a água de cheiro. Estou muito, muito feliz”, contou Naomi.
Ela acredita que a lavagem da Madeleine vai além do teor religioso, mas presta também um serviço de inclusão, para mostrar a diversidade cultural do Brasil.
“Acho importantíssimo, porque a religião para gente no Brasil é mais do que religião, expressa uma cultura, principalmente pensando nas religiões de matriz afro (...) Acho que é uma maneira de você mostrar para a França que (o Brasil) tem mais do que o samba do Rio de Janeiro, tem outras regiões, outras crenças e outras caras também”, concluiu a estudante.
Personalidades marcam presença
Além de Carlinhos Brown, figura carimbada na festa, ao longo desses 23 anos a Lavagem da Madeleine já recebeu outros artistas brasileiros, como Caetano Veloso e Margareth Menezes, em edições anteriores.
O evento tem como padrinhos o ator francês Vincent Cassel, que tem uma ligação forte com o Brasil, e a modelo e apresentadora carioca Cristina Cordula, personalidade conhecida do público francês, que vive em Paris.
“É uma honra para mim, porque é o maior evento cultural brasileiro que tem aqui (em Paris). Eu acompanho há muitos anos, sou madrinha desse evento e é maravilhoso. Eles (idealizadores) começaram de pouquinho em pouquinho e hoje você vem aqui, é Carlinhos Brown, é o trio-elétrico, toda essa organização. Para celebrar a cultura brasileira, paz e amor entre as pessoas. É muito bonito”, comemorou Cristina.
Este ano, quem também marcou presença foi a atriz brasileira Maria Fernanda Cândido. A artista participou pela primeira vez do evento e elogiou a iniciativa de trazer a cultura do Brasil para mostrar aos franceses através de uma tradição religiosa, como a lavagem da igreja.
“Gostaria de ter vindo já antes, mas não tinha conseguido ainda. Hoje, pude estar aqui, curtindo essa maravilha, essa energia, esse astral, com a percussão da nossa cultura, o Carlinhos Brown no trio-elétrico...", Maria Fernanda Cândido.
"Eu acho que a França e o Brasil são culturas que têm muita afinidade, que se complementam. E são povos que se gostam muito. Entao, poder participar de uma celebração como essa, que junta essas duas culturas, é um grande privilégio e uma grande alegria”, concluiu a atriz.
Com essas referências e as bênçãos espirituais, a Lavagem da Madeleine tem tudo para continuar fazendo Paris virar Salvador pelas próximas décadas.
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Paris virou Bahia neste domingo (15). Mais especificamente, Salvador. Ao som de Carlinhos Brown, com direito a um trio elétrico puxando um cortejo de milhares de pessoas, foi realizada nesta tarde a "Lavagem da Madeleine", que traz um pedaço da cultura baiana e afro-brasileira para a capital francesa.
Renan Tolentino, da RFI em Paris
Inspirado na histórica Lavagem da Igreja do Senhor do Bonfim, em Salvador, o evento já virou tradição em Paris, sendo organizado todos os anos há mais de duas décadas, desde 2002. Por conta disso, foi incluído até mesmo no calendário oficial da prefeitura parisiense.
“Esse evento é o fortalecimento da relação Brasil e França, do amor entre os dois países. É a França e o Brasil se abraçando”, Robertinho Chaves, idealizador da Lavagem da Madeleine.
“Foi tudo muito lindo. Além de ser um evento com mais gente, que agregou outros grupos (culturais) novos que chegaram, foi um dia de sol, não fez muito calor, não fez frio. Então, foi uma vitória do nosso projeto, tudo ajudou. Estou muito feliz. Sentimento de missão cumprida. É muito bom saber que estamos levando um Brasil maravilhoso para o mundo todo ver. Um Brasil lindo, da cultura afro, do maracatu, da capoeira, do afoxé, do candomblé… um Brasil da diversidade”, celebrou o baiano Robertinho.
A programação desta 23ª edição contou mais uma vez com o cantor baiano Carlinhos Brown animando a multidão em cima de um trio elétrico, bem ao estilo carnaval fora de época. Além de Brown, também fizeram parte da atração musical diferentes blocos de percussão e alas, como das baianas, maracatu, grupos de batucada e capoeira.
Como todo ano, o cortejo de quase 4 km saiu da Praça da República, localizada no Centro da cidade, e seguiu rumo ao 8º distrito, onde foi realizada a lavagem das escadarias da igreja da Madeleine, feita pelas baianas com a bênção do babalorixà Pai Pote, de Santo Amaro (BA), presente a cada edição. Durante o ritual, é jogada a tradicional água de cheiro, com pétalas de flores, no público e nos degraus, que são varridos logo em seguida pelas baianas.
“Através da lavagem, viemos trazer a cultura da Bahia, de Santo Amaro, e energias positivas, ancestralidade (...) Para mim, é importante representar diferentes segmentos religiosos de culto afro e também afirmar a nossa negritude, a nossa cultura popular”, explicou Pai Pote.
Religião e cultura juntas
Uma roda de capoeira em pleno boulevard Saint Martin, com a ala das baianas à frente e o trio-elétrico de Carlinhos Brown atrás. Esse foi o cenário que o Centro de Paris presenciou neste domingo para a Lavagem da Igreja Madeleine.
Como já virou tradição na capital francesa, o cortejo atrai tanto brasileiros como franceses que querem conhecer um pouco mais da cultura da Bahia. Para a estudante Naomi Silva Quirino foi um presente de boas-vindas, já que ela chegou do Brasil há poucos dias e já se depara com uma celebração de sua religião em pleno solo francês.
“Foi uma grande surpresa, como se fosse uma recepção minha na França. Eu sou candomblecista. Então, saindo do Brasil para estudar, passar dois anos fora, eu estava muito apreensiva de passar um tempo longe da religião. Ter vindo aqui foi realmente uma grande surpresa, peguei a bênção, peguei a água de cheiro. Estou muito, muito feliz”, contou Naomi.
Ela acredita que a lavagem da Madeleine vai além do teor religioso, mas presta também um serviço de inclusão, para mostrar a diversidade cultural do Brasil.
“Acho importantíssimo, porque a religião para gente no Brasil é mais do que religião, expressa uma cultura, principalmente pensando nas religiões de matriz afro (...) Acho que é uma maneira de você mostrar para a França que (o Brasil) tem mais do que o samba do Rio de Janeiro, tem outras regiões, outras crenças e outras caras também”, concluiu a estudante.
Personalidades marcam presença
Além de Carlinhos Brown, figura carimbada na festa, ao longo desses 23 anos a Lavagem da Madeleine já recebeu outros artistas brasileiros, como Caetano Veloso e Margareth Menezes, em edições anteriores.
O evento tem como padrinhos o ator francês Vincent Cassel, que tem uma ligação forte com o Brasil, e a modelo e apresentadora carioca Cristina Cordula, personalidade conhecida do público francês, que vive em Paris.
“É uma honra para mim, porque é o maior evento cultural brasileiro que tem aqui (em Paris). Eu acompanho há muitos anos, sou madrinha desse evento e é maravilhoso. Eles (idealizadores) começaram de pouquinho em pouquinho e hoje você vem aqui, é Carlinhos Brown, é o trio-elétrico, toda essa organização. Para celebrar a cultura brasileira, paz e amor entre as pessoas. É muito bonito”, comemorou Cristina.
Este ano, quem também marcou presença foi a atriz brasileira Maria Fernanda Cândido. A artista participou pela primeira vez do evento e elogiou a iniciativa de trazer a cultura do Brasil para mostrar aos franceses através de uma tradição religiosa, como a lavagem da igreja.
“Gostaria de ter vindo já antes, mas não tinha conseguido ainda. Hoje, pude estar aqui, curtindo essa maravilha, essa energia, esse astral, com a percussão da nossa cultura, o Carlinhos Brown no trio-elétrico...", Maria Fernanda Cândido.
"Eu acho que a França e o Brasil são culturas que têm muita afinidade, que se complementam. E são povos que se gostam muito. Entao, poder participar de uma celebração como essa, que junta essas duas culturas, é um grande privilégio e uma grande alegria”, concluiu a atriz.
Com essas referências e as bênçãos espirituais, a Lavagem da Madeleine tem tudo para continuar fazendo Paris virar Salvador pelas próximas décadas.
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